Se você tem um plano de saúde coletivo — seja empresarial ou por adesão — e notou que a mensalidade aumentou de forma significativa nos últimos meses ou anos, não está sozinho. Milhares de brasileiros enfrentam reajustes que muitas vezes superam a inflação e tornam a permanência no plano quase inviável. Mas afinal, por que seu plano coletivo está tão caro?

Neste artigo, vamos explorar os principais fatores que influenciam no custo dos planos coletivos e mostrar o que você pode fazer para entender e, quem sabe, reduzir esse valor.

1. Reajustes Não Regulados pela ANS

Ao contrário dos planos individuais e familiares, cujos aumentos anuais são definidos e autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos coletivos não têm limite pré-estabelecido de reajuste. Isso significa que as operadoras têm liberdade para aplicar os percentuais que julgarem necessários, desde que haja justificativa técnica.

Consequência: Em muitos casos, os reajustes ultrapassam 15%, 20% ou até 30% ao ano, muito acima da inflação.

2. Alta Sinistralidade: Quanto Mais se Usa, Mais se Paga

A sinistralidade é um indicador que representa a relação entre o que a operadora arrecada e o quanto gasta com atendimento médico. Em planos coletivos, esse índice é um dos principais responsáveis pelos reajustes. Se o grupo de beneficiários utiliza muito o plano — consultas, exames, internações —, o custo tende a subir.

Exemplo: Um plano com poucas vidas (ex: 10 pessoas) que passa por dois casos de internação prolongada pode sofrer um reajuste elevado no ano seguinte.

3. Envelhecimento do Grupo

Nos planos coletivos, especialmente aqueles mantidos há muitos anos, o envelhecimento dos beneficiários impacta diretamente o valor das mensalidades. A cada mudança de faixa etária (principalmente após os 59 anos), há aumentos específicos permitidos por contrato.

Além disso, pessoas mais velhas tendem a utilizar mais os serviços de saúde, o que eleva a sinistralidade e, por consequência, os reajustes coletivos.

4. Reajuste por Faixa Etária + Reajuste Anual

Outro fator que encarece o plano de saúde coletivo é a soma de diferentes tipos de reajuste aplicados em um mesmo período:

·      Reajuste anual (com base na sinistralidade do grupo);

·      Reajuste por mudança de faixa etária;

·      Reajuste por custo médico-hospitalar (inflação médica).

Isso significa que, em um único ano, sua mensalidade pode aumentar duas ou até três vezes por motivos diferentes.

5. Planos com Poucos Beneficiários São Mais Caros

Se você contratou um plano coletivo por adesão ou está em um grupo pequeno (menos de 30 vidas), o risco de aumento é maior. Isso acontece porque a operadora reajusta o plano individualmente, com base no uso daquele grupo específico, e não por média de mercado.

Planos com mais de 30 beneficiários têm reajustes aplicados com base em agrupamento de contratos, o que tende a equilibrar os aumentos.

6. Falta de Transparência e Negociação

Muitos consumidores recebem boletos com valores reajustados sem saber exatamente o motivo. Embora as operadoras sejam obrigadas a apresentar a justificativa técnica dos aumentos, essa informação nem sempre chega de forma clara.

Além disso, poucos beneficiários negociam ou pesquisam alternativas de plano, o que abre espaço para reajustes desproporcionais passarem despercebidos.

7. Inflação Médica Está Acima da Inflação Oficial

A inflação médica (variação dos custos com exames, medicamentos, internações e honorários médicos) é outro fator determinante no preço dos planos. Ela cresce mais rápido do que a inflação geral da economia, influenciada por:

·      Avanços tecnológicos em tratamentos;

·      Envelhecimento da população;

·      Judicializações (ações na justiça que obrigam operadoras a cobrir procedimentos não previstos em contrato).

Essa inflação impacta diretamente nos reajustes de todos os tipos de plano, mas especialmente nos coletivos.

8. Coberturas Ampliadas e Uso Descontrolado

Muitos planos coletivos oferecem cobertura ampla, com acesso a hospitais de alto padrão, rede extensa de especialidades e exames ilimitados. Isso aumenta o custo fixo do plano.

Além disso, o uso descontrolado ou sem necessidade de serviços médicos (como consultas em excesso ou exames repetidos) pode contribuir para elevar a sinistralidade.

9. Acordos com Administradoras de Benefícios

Nos planos coletivos por adesão, há a intermediação de uma administradora de benefícios, que organiza o grupo e intermedeia a relação com a operadora. Essa estrutura pode incluir taxas administrativas que encarecem o plano, especialmente quando não há fiscalização adequada.

O Que Você Pode Fazer Para Reduzir os Custos?

Agora que você entende os principais motivos para o alto custo do seu plano coletivo, veja algumas ações práticas que podem ajudar:

✅ Solicite a Justificativa do Reajuste

Peça à operadora ou administradora o detalhamento do aumento aplicado.

✅ Pesquise Outros Planos e Faça Portabilidade

Você pode trocar de plano sem cumprir carência, desde que atenda às regras da portabilidade de carências da ANS.

✅ Avalie Opções com Coparticipação

Se você usa pouco o plano, essa pode ser uma alternativa mais econômica.

✅ Considere Reduzir a Rede de Cobertura

Planos com rede regional ou hospitais específicos costumam ser mais baratos.

✅ Negocie com sua empresa ou sindicato

No caso de planos empresariais ou por adesão, busque melhores condições junto à empresa, associação ou entidade sindical.

Conclusão: Informação é a Melhor Arma Contra Reajustes Abusivos

O valor do seu plano de saúde coletivo pode parecer injusto, mas muitas vezes é consequência de uma estrutura complexa de reajustes, uso e falta de regulação direta. Com informação e atitude, é possível entender os motivos por trás dos aumentos e tomar decisões mais conscientes — seja para negociar, migrar de plano ou ajustar seu perfil de uso.

Se o seu plano ficou caro demais, não aceite passivamente. Pesquise, questione, compare. Afinal, saúde é um direito — mas pagar caro demais por ela, não.

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Fale com um consultor especializado para comparar alternativas disponíveis no mercado e entender qual opção faz mais sentido para você ou sua empresa.

 

Lee Cerasani