O acesso à saúde de qualidade é um dos pilares fundamentais para uma vida digna.

No Brasil, esse direito é garantido pela Constituição, mas na prática, milhões de pessoas enfrentam desafios diários para conseguir atendimento médico adequado — seja pelo sistema público, o SUS, ou pelos planos de saúde privados.

Com os altos custos, as longas filas, a burocracia e as frequentes frustrações do sistema tradicional, muitos brasileiros se veem obrigados a buscar alternativas para garantir o cuidado de que precisam.

Diante desse cenário, surgem propostas inovadoras que buscam devolver autonomia ao paciente. Uma delas é o modelo colaborativo de financiamento de saúde, como o oferecido pela CrowdCare, que propõe uma abordagem comunitária, fora dos moldes tradicionais dos planos de saúde.

O sistema público de saúde no Brasil

O Sistema Único de Saúde (SUS) é, sem dúvida, uma das maiores conquistas sociais do Brasil. Criado pela Constituição Federal de 1988, ele representa uma mudança de paradigma ao garantir que a saúde seja um direito de todos e um dever do Estado.

Antes disso, o acesso aos serviços públicos de saúde era restrito a quem contribuía com a Previdência Social, ou seja, trabalhadores formais.

Com a criação do SUS, a saúde passou a ser um direito universal, integral e gratuito para todos os cidadãos, independentemente de classe social, vínculo empregatício ou contribuição financeira.

A abrangência é imensa. O sistema cobre desde ações de vigilância sanitária, campanhas de vacinação em massa e atendimento ambulatorial básico até procedimentos de alta complexidade, como hemodiálise, transplantes e tratamentos oncológicos.

Apesar de ser um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o SUS enfrenta desafios crônicos.

Subfinanciamento

Um dos principais gargalos do SUS é o financiamento. O investimento atual do Brasil em saúde pública, previsto no orçamento de 2025, é de aproximadamente R$245 bilhões. Esse valor corresponde ao montante destinado ao financiamento de ações e serviços públicos de saúde, incluindo o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).¹

Atualmente, cerca de 84% da população brasileira depende exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimento médico e acesso a serviços de saúde, segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar.²

Logo, o investimento público em saúde está aquém das necessidades da população e do tamanho do sistema.

Longas filas de espera

A sobrecarga do SUS é visível nas filas de espera para procedimentos médicos. Cirurgias eletivas, exames de imagem e consultas com especialistas, muitas vezes, levam meses ou até anos para serem realizados.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2024, o tempo médio de espera para consultas no SUS foi de 57 dias, um recorde histórico, mas esse número esconde realidades regionais mais graves. Por exemplo, a espera média para consultas oftalmológicas foi de 83 dias, e para algumas especialidades, como genética médica, chegou a 721 dias (quase dois anos).³

Essa espera não afeta apenas a qualidade de vida dos pacientes, mas também sobrecarrega outras partes do sistema. A dificuldade de acesso à atenção básica faz com que muitos pacientes recorram diretamente às emergências hospitalares, que deveriam ser destinadas apenas a casos críticos.

Falta de infraestrutura

Outro problema estrutural grave é a desigualdade na distribuição dos recursos humanos e físicos. Muitas unidades de saúde (especialmente em municípios pequenos ou regiões periféricas) enfrentam falta de médicos, enfermeiros, medicamentos e equipamentos básicos.

Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) revelam que quase 1.800 cidades brasileiras, cerca de 1 a cada 3, têm menos de um médico por mil habitantes trabalhando no serviço público.

Além disso, a má conservação de unidades, a carência de leitos hospitalares, a falta de manutenção de equipamentos e a obsolescência tecnológica prejudicam o atendimento.

Planos de saúde privados: Solução ou nova armadilha?

A história dos planos de saúde privados no Brasil começou a se consolidar a partir da década de 1960, como uma resposta à incapacidade do sistema público de atender à crescente demanda por serviços médicos.

Foi nesse período que surgiram as primeiras empresas operadoras, oferecendo cobertura médica mediante pagamento mensal, inicialmente voltada às grandes empresas e seus funcionários.

Anos 70, 80 e 90

Durante os anos 1970 e 1980, o setor se expandiu rapidamente, impulsionado pela urbanização e pela formalização do trabalho.

Com a redemocratização e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, os planos privados passaram a atuar paralelamente ao sistema público, tornando-se uma opção para quem buscava atendimento mais rápido e confortável.

Nos anos 1990, o crescimento acelerado do setor levou à necessidade de regulação mais rígida. Foi nesse contexto que surgiu a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), criada em 2000 para normatizar, controlar e fiscalizar o mercado.

Desde então, o setor passou por mudanças significativas, como a padronização dos contratos e a criação de um rol mínimo de procedimentos obrigatórios. Para quem pode pagar, os planos de saúde são uma excelente alternativa ao SUS.

No entanto, a realidade está longe de ser ideal. Atualmente, cerca de 25% da população brasileira possui algum tipo de plano de saúde, o que representa mais de 50 milhões de pessoas.

Mas os planos enfrentam algumas críticas:

Mensalidades altas, reajustes abusivos e cobertura limitada

Os preços dos planos de saúde vêm subindo acima da inflação há anos. Para muitos, manter um plano tornou-se inviável. Os reajustes são especialmente pesados para pessoas com mais de 59 anos, que chegam a enfrentar aumentos de até 100% ou mais.

Mesmo com mensalidades altas, muitos planos oferecem cobertura básica. Consultas com especialistas, exames complexos, cirurgias e internações podem estar fora da cobertura ou sujeitos a longos prazos de carência.

Burocracia, negativas de atendimento e redes credenciadas

É comum ver pacientes tendo procedimentos negados por “não constarem no rol da ANS” ou por serem considerados “experimentais”. Muitas vezes, é preciso recorrer à justiça para garantir o direito ao tratamento.

Além disso, os beneficiários precisam se restringir às redes de médicos e clínicas conveniadas. Se quiserem atendimento fora da rede, devem arcar com os custos integralmente ou receber um reembolso parcial e demorado.

Diante desses problemas, muitas pessoas se veem em um limbo: o SUS está sobrecarregado e os planos privados são caros e restritivos.

Financiamento coletivo e saúde colaborativa

Nos últimos anos, modelos alternativos de acesso à saúde têm ganhado visibilidade no Brasil.

Uma das soluções mais promissoras é o financiamento coletivo da saúde (health cost sharing, em inglês), que propõe uma abordagem descentralizada, colaborativa e baseada na solidariedade entre pessoas com interesses e valores em comum.

      Diferentemente dos seguros tradicionais, que operam com base em risco e lucro, o financiamento coletivo tem como premissa a mutualidade e a cooperação. Membros de uma comunidade contribuem mensalmente para um fundo comum, que é utilizado para cobrir despesas médicas maiores de seus próprios integrantes.

No Brasil, esse modelo ainda é novo, mas já começa a mostrar seu potencial por meio de iniciativas como a CrowdCare, uma plataforma que oferece uma alternativa real aos planos de saúde convencionais.

CrowdCare: uma nova forma de cuidar da sua saúde

Em um cenário onde os planos de saúde se tornam cada vez mais inacessíveis e o sistema público enfrenta sérias limitações, a CrowdCare surge como uma alternativa baseada em colaboração.

Trata-se de uma comunidade de pessoas que se apoiam mutuamente para financiar despesas médicas, por meio de um modelo totalmente desvinculado do sistema tradicional de planos de saúde.

Como isso funciona na prática?

Ao aderir à CrowdCare, você passa a integrar uma rede colaborativa onde o cuidado com a saúde é compartilhado.

      A lógica é simples: cada membro contribui com uma assinatura mensal acessível — um valor significativamente menor do que o cobrado por planos de saúde convencionais. Essa contribuição ajuda a formar um fundo coletivo, utilizado para auxiliar no pagamento das despesas médicas de outros membros da comunidade.

      O modelo é baseado na ideia de ajuda mútua: hoje você colabora com os gastos de outras pessoas, amanhã essa mesma rede estará ali para te apoiar. Quando você precisa de atendimento, paga apenas os custos iniciais mais baixos e envia os valores excedentes, como consultas, exames ou internações, para análise e financiamento pela plataforma.

Um dos diferenciais mais marcantes é a liberdade que oferece. Os membros não ficam presos a redes credenciadas ou a regras rígidas de cobertura.

Cada pessoa pode escolher livremente médicos, clínicas ou laboratórios, pagando diretamente por serviços com valores negociados ou com desconto — algo viabilizado pela lógica de pagamento à vista, frequentemente mais vantajosa.

Tecnologia a favor da saúde

Além do aspecto financeiro, a CrowdCare se destaca pelo suporte individualizado.

Cada membro conta com o acompanhamento de um “Consultor de Saúde”, que atua como um guia ao longo da jornada: ajudando a encontrar profissionais com bom custo-benefício, orientando negociações de contas médicas e esclarecendo dúvidas sobre o sistema.

Tudo isso é potencializado por um aplicativo que centraliza os recursos em um só lugar.

Por meio da plataforma digital, os membros podem acessar atendimento médico virtual 24 horas por dia, 7 dias por semana, monitorar solicitações de financiamento coletivo, acompanhar seu histórico de saúde, e ainda obter descontos exclusivos em medicamentos/exames.

Uma comunidade solidária

A proposta da CrowdCare vai além da economia — embora ela seja real no longo prazo.

O que se constrói é uma rede de confiança, composta por pessoas dispostas a compartilhar responsabilidades. É essa lógica de comunidade que torna a experiência mais humana, menos burocrática e, sobretudo, mais alinhada com as necessidades reais de cada um.

Sem carências, franquias, reembolsos complexos ou negativas inesperadas. Na CrowdCare, a saúde é tratada como um direito que pode ser gerido com autonomia, apoio e empatia.

O modelo tem se mostrado especialmente eficaz para autônomos, freelancers, profissionais liberais, microempreendedores e estudantes — perfis que tradicionalmente enfrentam dificuldades em manter planos de saúde privados, seja pelo custo, seja pela rigidez contratual.

O futuro da saúde é colaborativo

O sistema tradicional de saúde, tanto público quanto privado, está em crise — e isso não é exclusividade do Brasil. Em muitos países, pessoas estão buscando formas alternativas de garantir o cuidado médico com mais liberdade, previsibilidade e humanidade.

Modelos como o da CrowdCare representam uma mudança de paradigma: deixam de tratar o paciente como um número ou um risco e o reconhecem como um ser humano capaz de participar de uma comunidade de cuidado mútuo.

Além disso, o uso inteligente da tecnologia permite que o acesso à saúde seja mais rápido, transparente e sem intermediários.

      Um dos pontos mais importantes é entender que o financiamento coletivo não é um plano de saúde e nem um seguro. Isso significa que ela não está sujeita às mesmas regulamentações da ANS, mas também não adota práticas burocráticas e excludentes típicas dos seguros.

O que sustenta o modelo é o compromisso comunitário, onde cada membro entende seu papel como participante ativo e responsável no processo. É um novo jeito de lidar com a saúde, mais humano e consciente.

Repensar o acesso à saúde é urgente

Diante de um cenário de ineficiência pública e altos custos privados, é indispensável que os brasileiros conheçam novas formas de cuidar da saúde.

A saúde é um direito, mas também é uma responsabilidade. E se essa responsabilidade puder ser compartilhada de forma justa, acessível e humana, todos saem ganhando.

A CrowdCare surge como uma resposta moderna e eficaz para quem busca sair da dependência dos planos de saúde e deseja assumir um papel mais ativo no seu cuidado pessoal — com suporte, economia e solidariedade.

Se você está repensando seu plano de saúde ou está fora de um, vale a pena conhecer mais sobre como a CrowdCare pode ser uma aliada na sua jornada de bem-estar. Porque saúde não precisa ser solitária, cara ou burocrática! Saúde pode (e deve) ser uma experiência de comunidade.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

  1. Orçamento: com R$246 bilhões para saúde, financiamento do SUS cresce 6,2% https://futurodasaude.com.br/orcamento-da-saude/
  2. 84% da população brasileira depende exclusivamente do SUS https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/84-da-populacao-brasileira-depende-exclusivamente-do-sus/
  3. Entre a fila do SUS e a vida: espera para consultas bate recorde e dura em média 57 dias; veja quanto tempo leva em cada estado https://oglobo.globo.com/saude/especial/entre-a-fila-do-sus-e-a-vida-espera-para-consultas-bate-recorde.ghtml
  4. Cerca de 1 a cada 3 municípios tem menos de um médico por mil habitantes no serviço público https://www.diariodolitoral.com.br/variedades/saude/cerca-de-1-a-cada-3-cidades-tem-menos-de-um-medico-por-mil-habitantes/172257/#:~:text=Quase%201.800%20cidades%20brasileiras%2C%20cerca%20de%201,acesso%20universal%20%C3%A0%20sa%C3%BAde%2C%20direito%20garantido%20pela
  5. Cerca de 1/4 da população brasileira tem plano de saúde, diz ANS https://www.otempo.com.br/economia/2024/7/10/cerca-de-1-4-da-populacao-brasileira-tem-plano-de-saude--diz-ans
Lee Cerasani